sábado, 30 de março de 2013

Tiririca free style

Ninguém me leva a sério e é claro que isso é culpa minha, já que as pessoas do meu compacto círculo social estão mais que acostumadas a me ver, por exemplo, falando do regime que vou começar ~ novamente ~ assim que eu terminar meu terceiro pedaço de pizza de calabresa. O que conflita também com todas as vezes que eu digo, quase como um disco riscado, que eu ainda serei vegetariana. Bem, à todos que não me creditam por essas e outras eu só lamento, e digo mais: vocês estão certos. O negócio de começar seja lá o que for geralmente me empolga, porém persistir não é uma das minhas poucas qualidades. Mas a força de vontade que eu não uso pra persistir eu emprego todinha em desistir. Desistir é comigo mesmo.

Desculpa, mas disfarço falta de conteúdo com subjetividade.

terça-feira, 12 de março de 2013

O clima não é de revolta.


Gosto muito de bicho, de livro, de filme, de música, de desenho, de internet, de chocolate, MAS, prefiro gente. Apesar disso, ultimamente não ando trocando nenhuma dessas preferências, e algumas outras não listadas, por qualquer companhia de carne e osso que não esteja interessada em uma conversa verdadeira, ou pelo menos, em um diálogo despretensioso que não se alimente apenas de assuntos tão batidos. Também tenho dispensado toda oportunidade de me sentir como uma professora quase muda em meio a uma sala de alunos bagunceiros, tendo que pedir atenção nas poucas vezes que eu resolvo falar... “Desliga o celular, Joãozinho”, “Para de prestar atenção na rua Mariazinha”, “Olha pra mim quando eu estiver falando, Zezinho”. Ah, sério mesmo, cansei!E pensando bem, esse cansaço veio a calhar ao me impedir de sentir tristeza pelo distanciamento opcional de algumas pessoas que já foram tão próximas. Não que essas “ausências programadas” me deixem feliz de alguma forma, apenas não me importa mais. E talvez esse seja o único motivo pra eu ficar triste: querer, involuntariamente, que todas essas pessoas sumam de uma vez.

domingo, 10 de março de 2013

carta amarelada.

"Acho que não tenho nada pra dizer... ou na verdade eu tenha que te pedir desculpa. Mas eu não sei se é certo pedir desculpa por algo que eu não sei o que é... mas tem algo me insistindo pra te escrever DESCULPA, DESCULPA? É como se eu estivesse em um misto de sempre TPM e sempre apática. Eu tenho medo de enlouquecer, e talvez eu esteja enlouquecendo, por isso (acho) que estou assim. Preciso de alguma certeza pra minha vida, mas quem vai me dar? As incertezas são cruéis, fazem qualquer um se sentir inseguro. Isso é uma lógica ou não? 
Você é da hora. Legal. Talvez a única pessoa que me faz rir com vontade... acho que não sei dar o braço a torcer, doeria demais. Acho que tenho orgulho. Mas de que? Nunca pensei que iria te escrever isso, mas por acaso, bem acaso, sinto uma coisa que não gosto... acho que sinto sua falta, e não é pouca. Droga! Me sinto triste, mais que de comum, bem mais. Bom...bem... vou parar de escrever, minha letra está péssima...




p.s. A folha é grande assim só pra você não esquecê-la em qualquer canto e é amarelada por opção... única opção."

Já faz quase 10 anos, e eu nunca esqueci essa carta em qualquer canto...
“…Esse é que é o problema todo. Não se pode achar nunca um lugar quieto e gostoso, porque não existe nenhum. A gente pode pensar que existe, mas, quando se chega lá e está completamente distraído, alguém entra escondido e escreve “Foda-se” bem na cara da gente. É só experimentar. Acho mesmo que, se um dia eu morrer e me enfiarem num cemitério, com uma lápide e tudo, vai ter a inscrição “Holden Caufield”, mais o ano que eu nasci e o ano em que morri e, logo abaixo, alguém vai escrever “Foda-se”. Tenho certeza absoluta."

O Apanhador no Campo de Centeio - J.D. Salinger

sexta-feira, 8 de março de 2013

Pega essa rosa e...




Começaram a pipocar as "belíssimas homenagens" ao dia da mulher no meu Facebook... Posso estar errada de me sentir incomodada com esse tipo de postagem, mas sei lá, a maioria que eu vejo é nesse segmento: ou devemos nos orgulhar por "suportar" a nossa própria natureza (sobrevier a menstruação, a TPM, conviver com a celulite) ou então nos orgulhar pela nossa vaidade (e aí entra o martírio da depilação, o terrível desespero de uma unha quebrada, e uma infinidade de motivos que tantas outras dessas Ginas indelicadas da vida usam pra definir uma mulher como forte!). Compartilhar esse tipo de 'pensamento' não seria o mesmo que regredir? Da mesma forma que um boçal compartilhar seu orgulho de ser branco, de ser hétero, de ter nascido em determinado estado? Nunca entenderei o orgulho de algo pelo qual não se luta.
Sou contemplada com uma maldita cólica todo mês e que remédio nenhum dá jeito, só que mesmo assim não tenho orgulho, por exemplo, de trabalhar aguentando a cólica. Tenho orgulho de trabalhar! De travar essa luta diária que inclui não curvar a cabeça pras injustiças da vida, com cólica ou sem cólica, de unha feita ou não.

Por essas e outras que eu acho essa data nada especial. É tanta ofensa disfarçada de homenagem, e pior, com tamanha visibilidade e aceitação que só fazem tirar a beleza, e também a consciência que esse dia deveria ter.

Obs.: não é incômodo pelo orgulho das características femininas, orgulho pelo nosso corpo. É incômodo desse pensamento propagado de que nos dias de hoje a nossa maior luta é contra os nossos... hormônios?!?! Pena que não dá pra ~ Gina ~ ser mulher de verdade um dia, um diazinho só, pra "ela" ver que TPM é fichinha perto de que temos que enfrentar até mesmo em situações simples do dia-a-dia, como pegar ônibus por exemplo. Daí ela saberia que cera quente dói menos que as observações machistas das quais não passamos ilesas um dia se quer, inclusive de homens ditos sensíveis, inclusive de mulheres ditas independentes. Só que nesse caso ambos não conseguem se livrar dos estigmas dessa sociedade em que o machismo passa batido, amparado ao "foi só uma piada", "foi só uma comentário" "deixa de ser chata, foi só uma brincadeirinha" e não enxergam que isso só atrapalha a nossa liberdade. Porque, meus queridinhos, a falta de respeito é a base de todas as injustiças.

Então, meu Feliz Dia da Mulher vai pra toda mulher que vai pro carnaval, vai pro baile funk, vai pro show de rock rodar a camisa, vai pra onde ela quiser sem ligar para os pobres hipócritas que as julgam nas redes sociais, mas que não largam dos seus pés na vida real. Pra toda mulher que prefere ficar em casa a pagar meia entrada na baladinha só porque, bem, é mulher. Pra toda mulher que diz "olha pai, eu te amo mas desculpa, não quero ser advogada, nem médica, eu quero ser________" e preenche a lacuna do seu futuro como bem entende. Pra toda mulher solteira com filho pra criar, conta pra pagar com um salário vergonhosamente inferior ao do pai do seu filho, pai este que ainda assim, só na base da polícia pra pagar pensão alimentícia. Vai pra toda mulher que tira a metade de um seio e sabe que continua linda. Pra toda mulher que não é escrava da Claudia, da Marie Claire. Pra toda dona de casa, que escolheu ser dona de casa, pra toda ativista, que escolheu ser ativista, e que em alguns casos podem ser a mesma mulher. Pra toda mulher provida de empatia, que sabe o quão arriscado é julgar. Vai pra uma infinidade de mulheres que merecem respeito todos os dias, não só no dia 8 de março. Porque quem precisa do calendário é o coelhinho da páscoa, o papai noel. Nós mulheres, não precisamos de uma data pra existir, muito menos pra persistir.